Faculdade Metropolitana
Foto do cais de Cabo Frio, conhecido pela sua travessia de pescadores.
Início » Jornalismo Metropolitana » Do Mar à Mesa: A Força do Agronegócio Pesqueiro

Do Mar à Mesa: A Força do Agronegócio Pesqueiro

O agronegócio não está só no campo como o senso comum pensa, ele também está nas águas que atravessam e alimentam o Brasil.

Por Kamilly Cardoso

Bolsa de Pós- Graduacao com 75% de desconto.

Todos os dias, em Cabo Frio, dezenas de barcos atracam nos cais à margem do Canal Itajurú.

A estrutura robusta e organizada recebe pessoas cansadas, mas quase sempre satisfeitas, trazendo consigo inúmeras caixas de peixe fresco, mergulhados no gelo.

O som metálico da estrutura e o chamado apressado dos mestres se misturam às vozes dos pescadores. Ao fundo, é possível ouvir as ondas do mar, nas quebras de água que chegam à praia.

Foto do cais de Cabo Frio, conhecido pela sua travessia de pescadores.
O cais de Cabo Frio é conhecido pela sua travessia de pescadores. Foto: Kamilly Cardoso

Todos estão ansiosos para rever seus familiares e garantir comida para a sua mesa. Essa é a rotina dos pescadores locais, mas surpreende aqueles que ainda acreditam que o agronegócio se resume só no campo, na terra.

Em meio a redes, anzóis, iscas, e até mesmo os combustíveis das embarcações, o setor do Agronegócio também vibra na cidade de Cabo Frio; não no imaginário dos pastos, mas próximo ao canto das sereias.

Conhecida por suas praias cristalinas e pelo clima acolhedor para férias, feriados e finais de semana, o município guarda outro tesouro: a pesca.

Só no famoso Mercado de Peixes da cidade, milhares de pescados circulam diariamente, abastecendo moradores, turistas e restaurantes. Eles chegam pelas mãos dos pescadores locais ou de empresas especializadas no transporte e comércio de peixes.

Um exemplo é a Empresa Magalhães, que conta com um galpão na beira da Ilha do Japonês, um ponto estratégico para facilitar a saída e a chegada das embarcações.

Assim como ela, outros comércios da região contam com uma estrutura própria para pesca e, consequentemente, para o processamento do pescado, com locais refrigerados para armazená-los, limpá-los e distribuí-los da maneira certa.

Foto da empresa de pescado Magalhães que recebe, todos os dias, dezenas de peixes para o comércio nacional.
A empresa de pescado Magalhães recebe, todos os dias, dezenas de peixes para o comércio nacional. Foto: Kamilly Cardoso

O pescador João Victor Santos, que também atua na refrigeração de uma empresa local, descreve a rotina como desafiadora, mas recompensadora: “Já enfrentei muitas tempestades, mas com a experiência conseguimos voltar em segurança — sempre com o porão cheio de peixe.

No verão, o mar fica calmo e as toneladas de pescado compensam o risco. Quando sobra, podemos levar peixe para casa, tudo conservado no gelo”, diz.

Localizado perto do centro da cidade e à beira do famoso Canal Itajurú, o mercado é o ponto de encontro entre pescadores, comerciantes, moradores e turistas.

Ele movimenta a economia local e gera empregos diretos e indiretos. Segundo dados da SeafoofBrasil, em 2021 a média de consumo de peixes no Brasil foi de aproximadamente 10,5 kg por pessoa ao ano.

Foto do Mercado de Peixe, que é quase um ponto turístico, sendo parte da história, da economia e da cultura de Cabo Frio.
O Mercado de Peixe é quase um ponto turístico, sendo parte da história, da economia e da cultura de Cabo Frio. Foto: Kamilly Cardoso

Para André Matos, dono do restaurante Da Ponte, o mercado funciona mais como ponto de varejo do que de pesca: “Aqui o trabalho é receber, limpar e vender. A pesca fica para os barcos; nós cuidamos de atender quem chega procurando peixe fresco”, afirma, enquanto manuseia as escamas de um peixe recém-tirado das águas do mar.

Limpeza, armazenamento e venda no Mercado de Peixe de Cabo Frio.

Do barco até a mesa

A funcionária do Mercado Municipal do Peixe, Márcia dos Santos, detalha o cuidado na exposição e venda: “O peixe chega já no gelo, mas precisa ser limpo, lavado e organizado no balcão. Depois, embalamos direitinho. Atendimento com educação e paciência fideliza o cliente. Esse cuidado faz parte da cadeia do agronegócio, que vai do barco até a mesa”.

Ao passar do dia, o Mercado de Peixe da cidade de Cabo Frio enche de clientes fiéis, como moradores locais e turistas curiosos, cheios de vontade de provar uma tilápia – o peixe mais produzido e vendido no Brasil, segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

Todos estão em busca da qualidade que o pescado pode oferecer. Cabo Frio e outras diversas cidades do país mostram que o agronegócio brasileiro não está apenas no interior do país: ele também se revela nas águas que alimentam, geram emprego e mantêm viva a tradição de um povo que carrega o mar no sangue.

Em Cabo Frio, esse consumo reflete a tradição da pesca e a forte demanda do turismo gastronômico, especialmente no bairro da Passagem – o mais antigo da cidade. Charmosa e receptiva, a Passagem preserva sua arquitetura histórica, com ruas arborizadas, decks à beira do canal e vista para a Ilha do Japonês.

Além disso, o bairro conta com diversos bares e restaurantes deslumbrantes especializados em comidas marinhas, que encantam moradores e visitantes. 

Da passagem do mar ao bairro Passagem.
Da passagem do mar ao bairro Passagem. Peixes do Mercado chegam à mesa de madeira dos barzinhos. Foto: Kamilly Cardoso

O turista Paulo Martins, ressalta o impacto econômico e cultural do setor: “Tudo que faço – vir até Cabo Frio, comprar isca, pescar – faz parte do agro. Gera renda, gera gasto, movimenta tudo.

Em outras partes do país, que deveria ser rico em peixe, a poluição e a pesca predatória dificultam a prática do pesque e solte. Aqui, a diversidade de pescado é linda e bem preservada”, comenta.

Do Rio de Janeiro às terras paulistas

Engana-se quem pensa que não há cumplicidade entre Rio de Janeiro e São Paulo – pelo menos, quando falamos de peixe, ela existe!

Se em Cabo Frio a pesca movimenta o turismo e sustenta famílias, em São Paulo o cenário é diferente: a força vem da piscicultura. Segundo a Peixe BR, o estado é o segundo maior produtor nacional de peixes de cultivo, com 83,4 mil toneladas em 2022, ficando atrás apenas do Paraná.

A tilápia é o carro-chefe, com 77,3 mil toneladas. O dado mostra que o agronegócio aquático não se limita ao litoral: ele se espalha pelo interior do país e revela a diversidade da cadeia produtiva.

A piscicultura consiste na cultura de criação de peixes variados, portanto, integra o universo paulista e nacional, mostrando que o agronegócio do mar não está somente nas cidades litorâneas como Cabo Frio – ele também alcança o estado mais conhecido pelos plantios e pecuária.

E o potencial econômico é enorme: o mercado mundial de peixe foi estimado em US$ 1,07 trilhão em 2024, com previsão de chegar a US$ 1,22 trilhão até 2029, crescendo a uma taxa de 2,6% ao ano.

Esses números mostram que, além de tradição cultural e alimentar, a pesca e a piscicultura também representam uma oportunidade de negócios em expansão. 

Desafios da cadeia produtiva

A pesca e a piscicultura integram o agronegócio, pois sua cadeia de produção, logística e processamento, envolve e movimenta setores de transporte, combustível, gelo, processamento e venda de pescado.

No entanto, a produção enfrenta desafios significativos.

Segundo a Embrapa Agricultura Digital e o Banco do Nordeste, há uma infraestrutura de processamento insuficiente, além de dificuldades de comercialização, alto custo de produção e riscos climáticos, como a redução do volume de água em açudes, que provocou a mortalidade de uma enorme variedade de peixes no Nordeste.

Peixes e frutos do mar que fazem parte do agro e alimentam famílias em todo o Brasil.

Para contornar esses desafios, é necessário investimentos em pesquisas e tecnologias, mas também de políticas públicas voltadas à preservação da biodiversidade e ações de conscientização sobre a relevância do pescado para a economia, a saúde e a cultura brasileira.

O turismo gastronômico e os restaurantes que valorizam um pescado fresquinho fortalecem ainda mais a cadeia produtiva do pescado, demonstrando que, mesmo diante de diversos obstáculos, as atividades de pesca e piscicultura continuam sendo estratégias do Agronegócio no Brasil.

Conheça o Estude Sem Fronteiras

Invista em sua formação a partir de qualquer lugar do Brasil. Nós contamos com os melhores profissionais e materiais atualizados para te garantir relevância no mercado de trabalho e uma formação humanizada. Com apenas alguns cliques, você pode se inscrever em um de nossos cursos online e iniciar ou mesmo ampliar sua carreira profissional!

Estude Sem Fronteiras é um portal de educação da Faculdade Metropolitana, credenciada pelo Ministério da Educação (MEC), que oferece cursos de extensão onlinecursos de aperfeiçoamento online, Pós-Graduação e MBA EAD

>> Garanta uma Bolsa de Desconto para os cursos de Pós-Graduação EAD da Faculdade Metropolitana

Clique abaixo para acessar o site do Estude Sem Fronteiras e conhecer mais sobre nossos Cursos OnlinePós-Graduação EAD e MBA EAD!

Kamilly Cardoso Corrêa

Cadastre-se e Receba as Informações e um Desconto Especial nos cursos de Pós-Graduação EAD

Acompanhe nossas redes sociais:

Faculdade Metropolitana