Um lugar ideal para fazer arte exibe variedade de materiais: papel Kraft, carbono, jornal, papelão, tinta, canetinha, giz de cera, lápis de cor, argila… Quem tem tudo na mão às vezes tende a se acomodar e repetir as mesmas atividades.
Já o educador que sofre com a escassez de recursos fica paralisado pela falta de opções na hora de planejar.
Nos dois casos, o jeito é tentar mudar o olhar, adequando as propostas.
Para a arte-ducadora Gina Dinucci, a experimentação é muito importante nas aulas e bolar novos usos para materiais já conhecidos colabora para o exercício da criação artística.
“O educador tem que ter abertura para propor experiências, como extrair o corante do papel crepom para pintar aquarelas e usar carvão para desenhar grandes murais.”
As vantagens de atividades inovadoras são muitas, segundo Ana Angélica Albano, professora da Unicamp e do Instituto Singularidades.
“Elas permitem que as crianças desenvolvam a individualidade, a autonomia, a independência e a sensação de autoria.” Segundo ela, só é preciso dosar os desafios.
Vale esperar a turma evoluir em uma prática antes de apresentar outra.
Vire a página e veja algumas sugeridas por Lucília Helena Franzini, coordenadora de artes visuais da Escola Grão de Chão, e Ana Tatit, professora do Singularidades e autora do livro 300 Propostas de Artes Visuais.
Brincadeira de luz e cor
Junte duas folhas de papel (color set, cartolina ou cartão). Com tesoura ou estilete, faça recortes de formatos geométricos, deixando uma “moldura” em volta.
O papel ficará vazado. Separe uma das folhas e preencha os espaços com pedaços de celofane de cores diferentes, fixando com cola ou fita adesiva.
Coloque o outro papel sobre o desenho, colando ou grampeando as duas partes. Está pronto o vitral.
Qual a descoberta?
Ao serem colocadas junto a uma janela ensolarada, as produções permitem que a turma observe e brinque com a composição de cores e luzes.
Obras de artistas como Matisse e Chagall podem servir de inspiração na hora dos recortes.
Desenho escondido
Separe lápis de cor ou canetas esferográficas de duas cores (por exemplo, azul e vermelha), celofane ou papel gelatina nas mesmas cores e papel sulfite.
Primeiro, desenhe com uma das canetas e, depois, complete as figuras com a outra cor.
Olhe para o desenho com uma das folhas de celofane e depois com a outra.
Qual a descoberta?
A criança percebe que, quando olha através do papel vermelho, ela só enxerga o que foi desenhado em azul e vice-versa.
Como é lúdica, a atividade incentiva o aluno a elaborar outros desenhos. Se você montar óculos 3D (com cartolina e uma lente de cada cor), eles verão como se comportam as figuras em três dimensões.
Aquarela com água e canetinha
Desenhe e pinte com canetinha hidrográfica em papel de gramatura alta, como canson ou cartolina. Com pincel, passe água em cima do desenho.
A tinta da canetinha ficará mais dissolvida no papel e em tons suaves, semelhante a uma pintura feita com tinta de aquarela.
Qual a descoberta?
Borrar o desenho com água é certeza de resultados imprevisíveis, e aceitar isso faz parte do processo de criação.
Com alunos mais velhos também dá para estimular misturas de cores e alterar as manchas depois de molhar o papel.
Uma nova impressão
Esfregue a superfície de páginas de revista com uma esponja de aço sobre sulfite ou cartolina.
A tinta se solta feito um pó e o efeito no papel branco é de manchas em tons pastel, com linhas que dependem da posição da folha de revista em relação à superfície.
Uma variação é fixar recortes, como uma máscara, sobre a cartolina: a imagem recortada ficará branca e o contorno colorido.
Qual a descoberta?
As crianças têm contato com diferentes texturas dos materiais.
Conforme mudam a direção do movimento, a pressão e a posição das folhas, elas notam que são produzidos efeitos diversos sobre o papel.
Fonte: Nova Escola