A Criminologia, campo multidisciplinar por excelência, e a Psicologia, ciência que estuda o comportamento humano, convergem em muitos pontos quando o assunto é a compreensão do fenômeno criminal.
Ambas as áreas buscam desvendar as complexas motivações por trás do ato delituoso, as características dos indivíduos envolvidos e os impactos sociais da criminalidade.
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O que é Criminologia?
A Criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar que se dedica ao estudo do crime e de tudo aquilo que lhe envolve. Como, por exemplo, a pessoa que comete o crime, a vítima e o contexto social.
Portanto, seu objetivo principal é compreender as causas e as consequências da criminalidade, bem como propor medidas eficazes para a sua prevenção e repressão.
Ao contrário daquilo que o senso comum tende a assumir, a Criminologia não se limita a apontar culpados, mas sim a analisar o fenômeno criminal em sua totalidade, considerando fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos e culturais.
Os 4 Objetos da Criminologia
A Criminologia tradicionalmente se debruça sobre quatro pilares fundamentais para a sua análise.
Estes são:
1. O Crime:
O crime não se trata apenas da infração legal, mas de um fenômeno social complexo.
Por isso, a Criminologia investiga as diversas formas de criminalidade – violenta, patrimonial, organizada, cibernética -, seus padrões, tendências e fatores de risco.
A intenção é entender por que certos atos são considerados crimes em determinadas sociedades e épocas, e como a legislação penal se relaciona com a realidade social.
2. O Criminoso:
Longe de estereótipos simplistas, o estudo do criminoso envolve a análise aprofundada de toda sua complexidade.
Isso inclui o estudo das características psicossociais do criminoso, bem como sua trajetória de vida, motivações, perfil socioeconômico e fatores que contribuem para o envolvimento em atividades delituosas.
É importante ressaltar que a área não tem como objetivo justificar o crime.
Sua função é compreender o indivíduo que o comete, buscando elementos que possam auxiliar na prevenção e na ressocialização.
3. A Vítima:
Por muito tempo negligenciada, a vítima é hoje um objeto central da Criminologia.
Dessa forma, o campo dedica-se a estudar o processo de vitimização.
Para isso, deve ser analisada as características das vítimas, os impactos físicos, psicológicos e sociais do crime sobre essa pessoa.
É também levado em consideração as formas de assistência e reparação à vítima.
Por ser essencial para o processo do crime como um todo, este objeto torna-se um subcampo complexo da Criminologia, chamado Vitimologia.
Assim, entende-se como o campo busca entender a interação entre vítima e criminoso, e como certos fatores podem aumentar a vulnerabilidade à vitimização.
4. O Controle Social:
Aqui o objeto refere-se aos mecanismos formais e informais envolvidos no processo criminal como um todo.
Entende-se os mecanismos formais como a polícia, o sistema judiciário e as prisões como um todo.
E os informais seriam, por exemplo, a família, a escola, a comunidade em torno do evento.
Ou seja, a consideração dos meios que a sociedade utiliza para manter a ordem e prevenir o desvio.
Assim, a área analisa, através do meio social, a eficácia dessas instituições, das políticas públicas de segurança e justiça, e os impactos do controle social na criminalidade e nos direitos individuais de todos os envolvidos.
A Diferença entre Criminologia, Psicologia Criminal e Criminalística
Embora correlatas, é fundamental distinguir a Criminologia de outras áreas que atuam no universo do crime:
Como foi visto, a Criminologia é a ciência que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social de forma abrangente, buscando compreender as causas e consequências do fenômeno criminal em suas múltiplas dimensões.
A Psicologia Criminal é um ramo da Psicologia que aplica os conhecimentos e métodos psicológicos para compreender o comportamento criminoso.
Logo, foca-se nas características psicológicas dos criminosos, suas motivações, transtornos de personalidade, processos cognitivos e emocionais, e na aplicação de técnicas psicológicas em investigações criminais.
Já a Criminalística é uma ciência forense que utiliza métodos científicos para analisar vestígios e evidências deixadas na cena do crime, a fim de reconstruir os fatos e identificar o autor.
Assim, envolve áreas como balística, papiloscopia, documentoscopia, química forense, entre outras.
Dessa forma, entende-se que a Criminalística atua no “como” o crime foi cometido, enquanto a Criminologia se preocupa com o “porquê” e o “quem” em um sentido mais amplo.
Carreira em Criminologia
A carreira em Criminologia, embora ainda em desenvolvimento no Brasil, oferece um leque crescente de oportunidades para profissionais interessados em contribuir para a segurança pública e a justiça social.
Entenda melhor todos os aspectos dessa profissão:
O que faz um Criminologista na prática?
Um criminologista é um especialista no estudo do crime e suas implicações.
Portanto, na prática, ele realiza pesquisas, análises de dados, elabora relatórios, desenvolve e avalia políticas públicas, presta consultoria, atua na prevenção do crime, na reabilitação de infratores e na assistência a vítimas.
Logo, sua atuação prática é pautada na compreensão científica do fenômeno criminal como um todo.
Qual o perfil deste profissional?
Para atuar como criminologista, é essencial possuir um perfil específico.
Assim, ter um perfil analítico e crítico, com grande senso de ética e responsabilidade social é fundamental para a área.
Além disso, é também essencial ser hábil em pesquisa, ter uma boa comunicação – escrita e oral -, ter empatia e ser resiliente.
Afinal, é uma característica necessária para lidar com temas sensíveis.
Em um aspecto mais acadêmico, ter interesse por Sociologia, Psicologia, Direito e até mesmo Economia é algo essencial para um criminólogo que queira uma carreira sólida e um currículo completo.
As Principais Áreas do Mercado de Trabalho
O criminologista pode atuar em diversas frentes, tanto no setor público quanto no privado:
Investigação Criminal:
O profissional que atua nessa área auxilia as forças policiais na análise de padrões criminais, elaboração de perfis, compreensão de motivações e na aplicação de técnicas de investigação baseadas em evidências.
Policiamento:
No ramo policial, um criminólogo pode participar da elaboração de estratégias de policiamento comunitário, inteligência policial, treinamento de agentes e avaliação de programas de segurança.
Assistência Social e Reabilitação:
Aqui a atuação é feita em instituições prisionais, centros de ressocialização, programas de reintegração social de ex-detentos, e na assistência a vítimas de crimes, oferecendo suporte psicossocial e buscando a redução da reincidência.
Advocacia e Assessoria Jurídica:
Um criminólogo pode trabalhar como consultor em escritórios de advocacia, auxiliando na compreensão de aspectos criminológicos de casos, na formulação de estratégias de defesa ou acusação, e na análise de laudos periciais.
Pesquisa Acadêmica:
A pesquisa acadêmica em universidades ou centros de pesquisa especializados é extremamente importante para o desenvolvimento da área.
O pesquisador produz conhecimento sobre a criminalidade, desenvolvendo novas teorias e contribuindo para o avanço da Criminologia.
Políticas Públicas:
Este profissional trabalha em órgãos governamentais, assessorando na formulação, implementação e avaliação de políticas de segurança pública, prevenção da criminalidade e justiça criminal.
Análise de Dados Digitais:
Com o avanço da criminalidade em ambientes digitais, o criminologista pode atuar na análise de padrões de crimes que ocorrem online, na identificação de vulnerabilidades e no desenvolvimento de estratégias de segurança digital.
Consultorias Particulares:
Um criminólogo pode oferecer serviços especializados para empresas, ONGs e indivíduos em áreas como segurança corporativa, gestão de riscos, análise de ambientes criminais e treinamento.
Qual formação é precisa para ser um profissional dessa carreira?
No Brasil, a Criminologia ainda não possui um conselho regulamentador da profissão.
Geralmente, o caminho mais comum para atuar na área é possuir formação em áreas correlatas, como Direito, Psicologia, Sociologia, Ciências Sociais ou Serviço Social.
Entretanto, a graduação por vezes não é suficiente para se tornar um profissional da área. Logo, deve ser complementada por uma pós-graduação, seja uma especialização, um mestrado ou doutorado em Criminologia.
Há um número crescente de cursos de graduação e pós-graduação especificamente em Criminologia, o que tem fortalecido a formação destes profissionais.
Qual o Salário de um Criminólogo?
O salário de um criminologista varia significativamente de acordo com a área de atuação, nível de experiência, formação e localidade.
Como não há uma profissão regulamentada com piso salarial definido, os valores são mais flexíveis.
No entanto, é possível ter uma estimativa:
- Início de Carreira: Em torno de R$3.000 a R$5.000 em cargos de assistente ou analista em órgãos públicos ou ONGs.
- Profissional Pleno: Pode variar de R$5.000 a R$8.000, dependendo da responsabilidade e do setor.
- Profissional Sênior/Especialista: Em posições de gestão, consultoria ou pesquisa acadêmica de alto nível, os salários podem ultrapassar R$10.000, e em alguns casos, serem significativamente maiores, especialmente em consultorias de grande porte ou no setor privado.
É importante ressaltar que o investimento em formação contínua, a participação em redes profissionais e a busca por especializações são um grande fator para impulsionar a carreira e, consequentemente, o salário.
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