Precisamos inverter a pauta e compreender que a educação para o futuro pressupõe um novo modelo.
Um modelo em que não devemos separar virtual e presencial, aluno e professor, informação e conhecimento.
Na semana em que lembramos os 20 anos da morte de Paulo Freire, proponho uma breve reflexão sobre o futuro de nosso país, através da educação.
Mudanças globais significativas têm se construído através de políticas públicas fortemente alicerçadas na priorização da educação e na qualificação e respeito aos professores.
Exemplos já clássicos dessas mudanças podem ser estudados em países como Coréia do Sul e Finlândia.
Entretanto, as incertezas impostas por diferentes fatores, como a tecnologia, despertam em todos nós questionamentos sobre como devemos investir os recursos e quais mudanças são necessárias em nossos modelos educacionais.
Assim, questões como: “Quais as profissões do futuro?” “Como a tecnologia impacta a formação de nossos alunos?”
Fazem parte de nosso cotidiano e muitas vezes nos imobilizam.
O grande paradoxo no ambiente educacional atual é que estas questões não são de fato relevantes, pois ainda estão vinculadas a um paradigma que explica a educação através do modelo industrial, de padronização, ou como dizia Paulo Freire, na proposta de educação bancária.
Se formamos por competências, a questão fundamental não está relacionada a quais são as profissões do futuro e sim quais são as competências para o futuro.
De fato, os processos de ensino e aprendizagem ocorrem a partir da clara articulação de dois conjuntos de atores: professores e alunos.
Esse processo se dá através de um espaço facilitador, presencial ou virtual, que promove a interação, a construção coletiva entre pares (aluno-aluno) e entre aluno e professor.
Historicamente chamamos este espaço de sala de aula, mas este lugar se transforma em diferentes espaços de articulação, especialmente laboratoriais e de impacto social.
Para pensarmos qual o caminho para uma educação que pode transformar nosso país, devemos construir respostas para uma nova pergunta.
O foco não é mais o professor ou o aluno. O foco não é mais a sala de aula. O principal mobilizador dos processos de ensino e aprendizagem é a compreensão de como se dá a relação entre professor e aluno.
Projetar essa relação, a partir dos professores, pode ser um bom caminho para pensarmos a educação para o futuro.
Autor: Gustavo Borba
Fonte: ZH Opinião